Não podemos negar, Cristo — o administrador maior do planeta, é sábio e competente. Transmitiu-nos o ensinamento mais elevado — o Evangelho; mostrou-nos a meta a ser atingida — "vós sois deuses"; coloca-nos em constante treinamento — as encarnações; indicou-nos os instrumentos de trabalho — a mediunidade e a caridade; deu-nos as instruções complementares — a Doutrina Espírita; oferece-nos o campo de trabalho — a ignorância e a dor; e espera o nosso progresso no campo da sabedoria e do amor. Sejamos, então, bons subordinados à altura do nosso bondoso administrador, retribuindo com fé, boa vontade e dedicação.
RENÊ IVAN FRANZOLIN
O QUE É A QUALIDADE NO CENTRO ESPÍRITA
Na gestão do Movimento Espírita,destacam-se, entre outros, os seguintes importantes fatores: vigilância, combate às próprias imperfeições, aquisição de cultura geral, percepção do contexto sociocultural em que se encontra a Casa Espírita, conhecimento do perfil dos frequentadores. Analisar bem esses aspectos possibilita a criação de padrões de qualidade genuinamente espíritas e a promoção de ações simples e práticas e de efetivos resultados.
A partir dessa constatação, Cézar Braga Said, no cap. 6 (Qualidade Total no Centro Espírita) do ótimo livro Centro Espírita - Tendências e Tendenciosades, estabeleceu um paralelo com o sistema de gestão de Controle da Qualidade Total, difundido por W. E. Deming e J. M. Juran, no Japão nos anos 1950, para sugerir algumas propostas, quais sejam:
- Qual o produto oferecido pela Casa Espírita? A lógica nos diz: Doutrina Espírita. Sem nenhum prejuízo ao corpo doutrinário, que a despeito de nossas ações inadequadas permanecerá intacto, a importância que a Casa Espírita atribuir ao estudo doutrinário e aos métodos de estudo e divulgação responderá pela qualidade da instituição como um todo.
-Como entender a questão dos custos no Centro Espírita? Custos são as despesas necessárias à manutenção e desenvolvimento de uma organização. No Espiritismo, regra geral, as despesas são cobertas por colaborações espontâneas de frequentadores e associados. As sobras (ou lucros) são reinvestidas nas atividades da casa e novos mecanismos de busca de receitas devem se pautar por criatividade e ética. A forma como apresentamos a doutrina e a divulgamos, quer dentro ou fora das instituições, tem grande efeito na atração e satisfação da "clientela" espírita. Recursos técnicos e tecnológicos são contributos importantes, quando adequados aos objetivos doutrinários. Mas de nada adianta melhorar recursos e acessórios materiais se descuidarmos do envolvimento fraternal.
- E a motivação, como interpretá-la nos moldes espíritas? No Centro Espírita, a motivação para o trabalho reside no formidável salário que recebemos em forma de paz da consciência, satisfação de estar servindo aos irmãos em humanidade e alegria de transformar o assistido em prestador de assistência.
- Como entender o indicador "segurança"? Kardec estabeleceu como indicador de qualidade no Centro Espírita que haja entre os envolvidos a recíproca benevolência e bom proceder, cumprindo-lhes, em todas as circunstâncias, colocar o bem geral acima das questões pessoais e d amor próprio (Livro dos Médiuns, n. 436). A Qualidade Total ou quaisquer outras propostas de melhoramento de gestão nas Casas Espíritas somente lograrão êxito se, antes, durante e depois das preocupações de ordem administrativa, cuidarmos da necessidade de nos amarmos. É somente o mais elevado dos sentimentos que humaniza as relações dando a elas a qualidade da sinceridade, do bem querer, fazendo com que a Causa se sobreponha àCasa, vedando o surgimento dos "donos do Centro Espírita."
PERSONAGENS DO MOVIMENTO ESPÍRITA
Fonte: Plano de Trabalho para o Movimento Espírita Brasileiro (2013-2018)
O quadro acima nos mostra que a sociedade, o público espírita e o trabalhador espírita são as principais personagens do Movimento Espirita. Do ponto de vista da Moderna Administração tais personagens costumam ser tratados como clientes do Movimento Espírita, e se é importante que a Administração tenha foco no cliente externo (sociedade e público), não deve ela também descurar-se do cliente interno (trabalhadores da casa).
Confiram o texto abaixo, retirado do artigo O moderno conceito de cliente (aqui)
Não há muito, falava-se que as empresas deviam buscar qualidade em todos os seus processos e orientar-se para o cliente, pois disso dependia a renovação e o crescimento dos seus negócios. Algum tempo depois, a qualidade em todos os processos tornou-se padrão mínimo exigível para a sobrevivência das organizações, as de caráter público, social e religioso, inclusive.
Esse foco na qualidade e no cliente trouxe para o vocabulário corporativo inúmeros termos – como também novas acepções para velhos termos, como é o caso de cliente.
E a palavra cliente ampliou o seu sentido dicionarizado. Vejamos seu sentido moderno:
Cliente - Toda pessoa ou organização que é afetada pelo processo, ou seja, que adquire ou utiliza um produto ou serviço. Um dos métodos básicos para identificação de clientes consiste em seguir o produto para verificar para quem é afetado por ele. Qualquer pessoa ou organização pode ser um cliente.
Cliente Externo - Cliente que não pertence à organização que fabrica o produto ou presta o serviço. Pessoa ou organização que recebe ou compra e utiliza um produto ou serviço e que não faz parte da equipe daquela organização.
Cliente Interno - Pessoa ou unidade de trabalho (setor, departamento, etc.) que recebe o produto ou serviço do fornecedor, dentro da própria organização.
Glossário de Qualidade Total. Alberto Amarante Macedo e Francisco Liberato Póvoa Filho – Fundação Cristiano Ottoni, 1994.